quinta-feira, 11 de setembro de 2014

50 minutos com ela...

50 minutos com ela...

O dia surgiu como outro qualquer, acordei dez minutos antes do horário de costume, ou melhor, o despertador acordou-me, pois já acordara horas antes, depois de um sonho qualquer.

O dia prometera e vou explicar o que me esperava logo pela manhã, lembro-me como se fosse ontem, pois o sentimento ainda permanece em meu peito. Eu iria me encontrar com a minha amada, “minha pequena” vou chama-la assim, pois não quero citar nomes, essa é uma memoria e não uma declaração.

Hoje, com meus cabelos grisalhos, já não tenho mais a mesma vontade de conquistar a minha amada, ou melhor, a mulher que escolhi para ser a mãe dos meus filhos. Mesmo não sendo ela a minha pequena; na época, tinha apenas 16 anos e eu 17, já a via como mulher e me achava apenas um garoto ao seu lado. Naquela manhã, arrumei-me como das outras vezes, sem pensar muito no que poderia acontecer, pois não queria ficar nervoso, meu coração disparava sempre que parava para imaginar o que poderia acontecer; hoje, ele dispara só de lembrar como ela era.

Na época, eu ainda morava em Arapiraca, cidade onde nasci, só sai de lá já homem, para morar em Porto Alegre, cidade que hoje chamo de lar. O caminho até a escola era pequeno, dez minutos de bicicleta, ouvindo músicas românticas, o que virava motivos para as brincadeiras dos meus amigos. Chegando à praça da escola, esperei pela minha pequena, lembro que matei uma aula só para ficar com ela, mas como falei uma vez para um amigo: ”por ela eu perderia a semana ou ate mais”.

Um livro me acompanhava, com o objetivo de me distrair até minha pequena chegar, não funcionou muito bem, pois sempre que alguém passava meu coração disparava, respirava fundo e voltava a ler; em uma dessas disparadas do coração, ele me mostrou um amigo acompanhado de uma garota, sorri quando percebi que ele iria fazer o mesmo que eu, desejei sucesso para nós dois, que ao menos conseguíssemos um beijo das nossas amadas.

Alguns minutos depois, ela chegou, como esperado, meu coração tentou sair do peito, voltei a ler o livro até ela me ver, assim eu deixava dar o primeiro passo. Ela chegou ao meu lado, levantei-me e dei um abraço, quando percebi que tinha minha pequena em meus braços, apertei um pouco mais, sentindo assim seu corpo junto ao meu.

Sentamos e conversamos, no início foi difícil prestar atenção no que ela falava, pois sua voz, sorriso e olhos me deixaram um pouco bobo, ela era tão linda.

Hoje; pergunto-me se ela ainda tem toda aquela beleza. Um sorriso no canto da boca mostrava minha alegria, era a primeira vez que nos encontramos pessoalmente, entre uma frase e outra que saia de sua linda boca que agitava meu desejo de beijá-la, eu tentei me declarar, mas a declaração não saia da minha boca, até que consegui falar: “Eu te amo viu?” Essa foi a frase que saiu sem eu perceber, que tirou o peso do mundo das minhas costas e tirou um sorriso meio sem jeito da minha pequena.

Depois disso, o nervosismo se foi, comecei a falar, trocamos sorrisos, pensamentos e histórias, mas o que eu mais queria não aconteceu, eu só queria um beijo.

O tempo passou e nossos minutos acabaram, ou eu entrava para assistir o resto das aulas ou perderia o dia de aula, ela tinha seus planos, e por isso não teria tempo para mim; entrei , pedi um beijo antes disso, mas o pedido foi negado por uma causa nobre, ela era uma mulher de personalidade, nos despedimos com um abraço, com carinho, com um beijo na bochecha.

Desse dia em diante, o amor só aumentou, até acho que ela nunca acreditou que eu a amava tanto, mas até hoje trago esse sentimento. Mesmo sendo minha pequena, ela nunca foi minha, pois seu coração pertencia a outro, um homem que ela chamava de “namorado”. Por isso deixo nessa lembrança, uma pequena fração do meu amor, se você que está lendo essa memória escrita com tinta e sentimentos, tiver um amor, peço que fique com ele e seja feliz ao seu lado, faça o que eu não fui capaz de fazer.


Kledson W. Fausto

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